Parece
não haver dúvida que acessórios exclusivos atraem a atenção das mulheres.
Colares, pulseiras e brincos completam qualquer produção e ainda integram a
nossa personalidade. Produzidos industrialmente ou de forma artesanal, para o
segmento de luxo ou para o de menor custo, o design de joias usa cerâmica “avançada”, obtida a partir de óxidos
metálicos (zircônia, titânio ou albumina),
combinando-a com outros materiais expressivos (ouro, prata e pedras), e por diferentes estratégias tais como: alternativas
estéticas, atitude sustentável, diminuição de custos e diferenciação de
mercado. Atentos a essa informação, parece não haver dúvida que adotamos
comportamento moderno e contemporâneo, embora simples, ao fazermos acessórios
com argila. É, de fato, não há.
Detalhe do pendente
de medalhão linha Hexie
Conformação em placa
Massa cerâmica marfim
com esmalte transparente
Viés
HISTÓRICO
Pioneiro, o designer primitivo trabalhou amuletos de poderes mágicos com pedras
e ossos, madeira e sementes. No entanto, fragmentos de obsidianas de um colar, datado
de 5000 a .C
e encontrado em escavações no norte do Iraque, cumprem papel de destaque na
história das joias. No Egito e na Grécia, terracota dourada e vidrados dão
forma e cor ao repertório dos profissionais, Também vidrados em equilíbrio com
metais mantêm o savoir-faire na Idade
Média. Já a técnica de produção da porcelana permitiu a reinvenção do camafeu na
Renascença. Mas a maioria dos designers
substituiu a cerâmica por pedras preciosas em sua produção nos séculos 18 e 19. E na contramão e exatamente por sua versatilidade, o design autoral e de elevada qualidade do século 20 resgatou o uso
da cerâmica em marcas de alto luxo e feiras internacionais de joalheria.
1 Colar Paleolítico de conchas, lascas de forma e tamanho
definidos. Período Histórico : 5000
a 1000
a .C | 2 Colar Antigo Egito de faiança. © Museu Egipci de Barcelona: 1550 a 1307 a .C | 3 Escapulário Medievo de metal e esmalte:
400 a
1450 Fonte: Illustratus, mar. 2010 |
4 Camafeu Colar da Rainha Santa Isabel de ouro, pedras e pérolas. © Museu Nacional Machado de Castro: século 14 | 5 Pulseiras Jean Schlumberger by Tiffany com vidrados. Fonte: Tiffany & Co,
2015 | 6 Anel Trinity Cartier de ouro
amarelo, ouro branco e cerâmica preta com diamantes. Fonte: Cartier, 2015
Pegada
SUSTENTÁVEL
Foi-se o tempo em que empresas do setor produtivo de jóias
seguiam ignorando o impacto da atividade no solo, na água e no ar. Para além da
força da lei, há uma crescente preocupação com gestão de P+L [produção mais limpa] com objetivo de melhorar a eficiência dos processos. Assim
estão cada vez mais frequentes orientações técnicas e práticas para (1) a redução
ou eliminação do uso de matérias-primas tóxicas; (2) aumento da eficiência no
uso de matérias-primas [água ou energia];
(3) redução na geração de resíduos e efluentes, e (4) reuso de recursos. Embora
pareça sofisticado, é desejável ler, entender e aceitar medidas de P+L, também
por sermos menores, e com menos danos ao meio ambiente e para todos ao redor do
atelier.
1 Mina de extração de ouro em rocha dura, Morro do Ouro, Paracatu, MG. Liberação de arsênio. Foto: Beto Magalhães © 2008 | 2 Mina de extração de nióbio em Araxá, MG. Radiação elevada, risco de câncer e problemas respiratórios. Foto: CBMM [Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração] | 3 Capa do guia técnico Bijuterias, de Mateus Sales dos Santos, publicado pela CETESB [Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental], São Paulo © 2005
Objeto-Conceito
Só depende do ponto de vista: é
necessário para ser semijóia, possuir uma estrutura em metal não-nobre
(estanho, latão, bronze ou zamack) com uma camada espessa de ouro, prata ou
ródio. Com uma camada extremamente fina de ouro ou prata em sua superfície,
seria uma bijuteria. Como foi criada com argila, dá para ser biojoia. Mas tiro
proveito das características de exclusividade, design e durabilidade para dizer
que “acho que é joia!”.
REGINA FRANCO Setembro 2015